O PODER DO AMOR
1. O amor é um sentimento positivo que promove a paz no cosmos, ao contrário do futebol, que só causa stress.
2. As canções de amor, mesmo quando esganiçadas nos Ídolos, são geralmente melhores que as de ódio. E que as de apatia.
3. É certo que todas as cartas de amor são ridículas. Mas ainda mais ridículo é não as escrever. O amor vence sempre.
4. Fazer amor emagrece. É como ir a um ginásio, com a vantagem de não ser preciso apanhar pé de atleta ou um “personal trainer”. O amor vence sempre.
5. É verdade que os desgostos de amor engordam, eu sou a triste prova disso. Por outro lado, não há melhor desculpa para nos empanturrarmos de chocolates. Ou, melhor ainda, afogar em álcool.
6. Ninguém dá por nada se plagiarmos um aforismo de amor, como fiz no ponto 3, desde que citemos autores conhecidos só de nome, tipo Fernando Pessoa. O amor vence sempre.
7. O amor cega. Temporariamente, é um facto, mas enquanto a outra pessoa não nos descobre os defeitos, lá vamos cantando e rindo. O amor é o maior.
8. Quando correspondido, o amor é a coisa mais linda do mundo. Quando não é correspondido também está bem, é de maneira que não temos de mentir em casa.
9. O amor quebra barreiras. Estudos científicos provam que um assaltante enamorado é 3,6% mais eficaz no exercício da sua profissão que um colega armado apenas de uma caneta de administrador.
10. E mesmo que a nossa cara-metade nos engane ou peça o divórcio, cadê o problema? Você perde mas o amor continua, só que agora já não é por si. Amor um, você zero. O amor vence sempre.
Rui Zink
Nota da Redacção:
Dia dos Namorados? Um só dia? "Parca Ração!", diria Natália Correia! Então e os outros 364/5 dias do ano?
Recordamos a este propósito:
Em 3 de Abril de 1982, no âmbito da discussão sobre a questão do aborto, a poetisa (e na altura, também deputada) Natália Correia, escreveu e distribuiu no hemiciclo da Assembleia da República o poema que abaixo se transcreve, em resposta ao deputado João Morgado, o qual afirmara enquanto parlamentar do CDS, que o acto sexual só é justificável tendo por objectivo a procriação.
Já que o coito – diz Morgado
tem como fim cristalino
preciso e imaculado
fazer menina ou menino,
e cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova que houve truca-truca.
Sendo pai de um só rebento
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou – parca ração!
uma vez. E se a função
faz o órgão – diz o ditado
consumada essa operação
ficou capado o Morgado.
Natália Correia
publicado no Diário de Lisboa, de 5 de Abril de 1982
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