HOMENAGEM A ADRIANO CORREIA DE OLIVEIRA (1942-1982)
Passam hoje 25 anos da morte de não apenas um dos melhores cantores de intervenção da música popular portuguesa, assim como do fado e da balada de Coimbra onde estudou, mas também um homem de grande coragem e empenho solidário na primeira linha da luta contra a ditadura, e a todos os títulos um dos melhores filhos que Portugal contemporâneo conheceu.
Em boa hora, uma prestigiada instituição centenária -
A Voz do Operário (v.
http://www.vozoperario.pt/ ), sediada perto do Largo da Graça, em Lisboa -, decidiu prestar-lhe pública homenagem, a qual inclui:
- hoje, terça-feira, dia
16 de Outubro:
18 h - inauguração da exposição sobre o homem e o artista, seguido de uma sessão de poesia por José Fanha, Maria do Céu Guerra e Carlos Paulo;
20h - jantar-convívio, seguido de algumas interpretações de canções de Adriano, por Luís Cília, José Barata Moura, etc., e a culminar, um colóquio
- sábado, dia
20 de Outubro, a partir das 21h30 - Concerto
"25 anos - 25 canções", com a participação, entre outros, de Amélia Muge, Brigada Vítor Jara, Fausto, Fernando Tordo, Francisco Fanhais, Janita Salomé, Luís Represas, Luísa Basto, Manuel Freire e Pedro Abrunhosa ; e, pelas 24h, uma serenata pelo Grupo de Guitarra e Canto de Coimbra.
Entrada livre como o vento (como Adriano gostaria que fosse).
Marguerite Yourcenar escreveu um belo livro sobre um homónimo pretérito, imperador romano, mas se fosse viva gostariamos de a poder convocar a escrever sobre o nosso Adriano, crentes que ao mergulhar na sua voz feita de seiva fresca alimentada de coragem, poderia ter produzido "Memórias" não menos belas...
Dedicatória em forma de poema:
ADRIANO / por Manuel Alegre
Não era só o som a oitava
que ele queria sempre mais acima
nem sequer a palavra que nos dava
restituída ao tom de cada rima.
Era a tristeza dentro da alegria
era um fundo de festa na amargura
e a quase insuportável nostalgia
que trazia por dentro da ternura.
O corpo grande e a alma de menino
trazia no olhar aquele assombro
de quem quer caber e não cabia.
Os pés fora do berço e do destino
alguém o viu partir de viola ao ombro
Era Outubro em Avintes. E chovia.